Tráfico humano - Campanha da Fraternidade 2014

23/04/2014 20:05

CNBB 05/03/2014 

Tráfico humano é tema da Campanha da Fraternidade de 2014

Tema será debatido até o fim do ano em todas as paróquias.
Igreja Católica quer conscientizar fiéis a fazerem denúncias às autoridades.

 

DOM ALOÍSIO DILLI
BISPO DE URUGUAIANA (RS)

Estamos iniciando nossa Quaresma de 2014 e logo nos colocamos diante da temática da Campanha da Fraternidade, que vai nos fazer apelos de conversão pessoal, comunitária e social. “Fraternidade e Tráfico Humano” é o tema e a Carta de São Paulo aos Gálatas nos sugere o lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1). A Campanha da Fraternidade é um convite para nos convertermos a Deus e irmos ao encontro dos irmãos mais necessitados e sofredores, sugerindo em cada ano um assunto que afeta diretamente a dignidade humana ou a vida em sentido geral.

Em 2014 ocupa-se com todos aqueles e aquelas que são enganados e usados para o tráfico humano, de trabalho, de órgãos e a prostituição. Normalmente o crime organizado está por detrás das diversas modalidades de tráfico humano. As pessoas, geralmente, são atraídas com falsas promessas de melhores condições de vida em outras cidades ou países e ali são cruelmente usadas e escravizadas (ou assassinadas, nos casos de tráfico de órgãos) gerando fortunas para consciências inescrupulosas e vorazes. A maioria das pessoas traficadas vive em situação de pobreza e grande vulnerabilidade. Isso facilita o aliciamento com falsas promessas de vida melhor.

Por isso, o cartaz da Campanha da Fraternidade/2014 retrata essa situação degradante com a figura de mãos acorrentadas e estendidas, com diferentes idades, gênero e cor, em estado de impotência. A mão que sustenta a corrente da escravidão é a força coercitiva de pessoas que dominam e exploram esse tráfico humano: “Essa situação rompe com o projeto de vida na liberdade e na paz e viola a dignidade e os direitos do ser humano à imagem e semelhança de Deus” (CF 2014 – Explicação do cartaz – contracapa). Os cristãos não podem aceitar essa moderna forma de escravidão e desrespeito à dignidade humana. Por isso eles a tentam identificar, a denunciam e somam forças para evitá-la, rompendo as correntes, revigorando as pessoas dominadas por esse crime e apontando para a esperança de libertação: Essa esperança se nutre da entrega total de Jesus Cristo na cruz para vencer as situações de morte e conceder a liberdade a todos: "É para a liberdade que Cristo nos libertou" (Ibidem).

Papa Francisco se referiu à prática do tráfico humano com palavras de veemente repúdio: “O tráfico de pessoas é uma atividade desprezível, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas”. O pontífice, em Lampedusa – Julho de 2013, ainda nos alertou para a globalização da indiferença, habituando-nos em relação ao sofrimento dos outros, não o considerando responsabilidade nossa: “Peçamos ao Senhor Deus a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar pela crueldade que há no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato, tomam decisões socioeconômicas que abrem a estrada a dramas desumanos como este” (Cf. Manual da CF – 2014, Apresentação, p. 8).

A Quaresma começou, para os católicos, na quarta-feira de cinzas, dia 05 de março, depois do carnaval

Chama-se Quaresma os 40 dias de jejum e penitência que precedem à festa da Páscoa. Essa preparação existe desde o tempo dos Apóstolos, que limitaram sua duração a 40 dias, em memória do jejum de Jesus Cristo no deserto. Durante esse tempo a Igreja veste seus ministros com paramentos de cor roxa e suprime os cânticos de alegria: O “Glória”, o “Aleluia” e o “Te Deum”.

Na Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Nesse tempo santo, a Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade.

A Páscoa, este ano (2014) será comemorada no domingo, dia 20 de abril.

Sensibilizados com as palavras do Papa Francisco, assumamos mais uma vez o tema da Campanha da Fraternidade e rezemos para que nosso ser e agir sejam abençoados pelo Senhor, nosso Deus, que deu sua vida de seu Filho Jesus, para salvar a todos:

Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.

Fazei que experimentem a libertação da cruz e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito, e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal, vivamos como vossos filhos e filhas, na liberdade e na paz.

Por Cristo nosso Senhor. Amém!”.